Por que quis o PCP afastá-la?
Não conheço outras razões, a não ser a razão que é óbvia: é que a direcção do PCP não queria que eu estivesse na Assembleia da República.
As anteriores expulsões no PCP aconteceram por motivos ideológicos. O seu caso é pioneiro?
A direcção do PCP afirmou publicamente: ‘Não há questões de natureza ideológica, há confiança total no trabalho da deputada e da vereadora’. A ser verdadeira, é no mínimo uma razão paradoxal – diria quase idiota. Então qual é a razão? A renovação não parece muito plausível, porque não estava ninguém à espera para me substituir e a pessoa que iria ocupar o meu lugar era afinal a quinta na ordem da lista eleitoral. E tinha a minha idade.
Não acredita nos motivos invocados pelo PCP...
Não acredito. A própria direcção do PCP sabe que tudo isto é falso. Bernardino Soares e Jerónimo de Sousa estiveram comigo nas campanhas para as autárquicas e para a Assembleia da República e ouviram-me inúmeras vezes afirmar que faria um mandato de quatro anos. E eles sabem que no PCPquando se convida alguém para encabeçar uma lista, se discute, individualmente, as condições dessa candidatura. Não temos no país um conjunto de profissionais – só se formos convidar desempregados – que digam aos partidos: ‘Olhe, eu vou de qualquer maneira para o Parlamento e vocês quando quiserem mandam-me embora’. Isso é inimaginável!
in sol
A versão de Luísa Mesquita.
A questão continua a ser a mesma: Porque é que Mesquita deveria sair do Parlamento, naquela altura. O PCP nunca respondeu a essa questão.