ACORDAI, VIZELENSES! ACORDAI!

 “O PS em Vizela não está dividido, se olharem para trás de mim, veem os principais rostos do PS nos últimos anos, os verdadeiros socialistas estão atrás de mim”. 
Proferida por Victor Hugo Salgado, esta é a frase que se destaca em todo o comício, conferência de imprensa, realizado no passado dia 10, na Casa do Povo de Vizela. 
Para Victor Hugo Salgado, os verdadeiros socialistas estavam sentados atrás de si. Pelas fotografias publicadas na imprensa, são treze. Da esquerda para a direita, passo a enumerá-los: Albano Agostinho Ribeiro, deputado municipal do PS; Armindo Faria, ex-deputado municipal do PS; Agostinho Guimarães, deputado municipal do PS; Mário José Oliveira, presidente de Junta e deputado municipal do PS; Joaquim Costa, ex-vereador do PS; Manuel Pedrosa, presidente de Junta e deputado municipal do PS, Francisco Ferreira, ex-presidente da Câmara Municipal; João Cocharra, ex-presidente da Assembleia Municipal, Fernando Carvalho, presidente da Assembleia Municipal, Agostinha Freitas, deputada municipal do PS; Joaquim Meireles, deputado municipal do PS; José Armando, ex-presidente de Junta e ex-deputado municipal do PS e João Vaz, deputado municipal do PS. 
Como se constata todos desempenharam ou desempenham funções nos diversos órgãos do poder local vizelense: Câmara Municipal, Assembleia Municipal e Juntas de Freguesia. Uns desde a restauração do concelho e durante vários mandatos, outros mais recentemente. Integraram comissões de honra das candidaturas socialistas, emolduraram outdoors em campanhas eleitorais, abrilhantaram manifestos eleitorais, prometeram tudo a todos, irradiavam felicidade. 
Prometeram um parque industrial, prometeram uma biblioteca municipal, prometeram um auditório, prometeram uma casa da cultura, prometeram uma casa da juventude, prometeram um museu, prometeram piscinas municipais, prometeram um pavilhão municipal, prometeram uma variante, prometeram mais habitações sociais, prometeram acessos rápidos à auto-estrada, prometeram concluir o edifício da câmara municipal.  Prometeram, mas não cumpriram.  Aprovaram todas as propostas, aprovaram todos os planos e orçamentos, aprovaram todas as contas de gerência, aprovaram todos os aumentos de taxas e licenças, aprovaram todos os aumentos de impostos e tarifas municipais, aprovaram todos os subsídios. 
E deixaram-nos um “Município afogado em dívidas, falido, incapaz de atrair pessoas, massa crítica, de captar investimento e de promover um desenvolvimento sustentado”. 
Nunca tiveram uma visão integrada para o crescimento e desenvolvimento do concelho e Vizela, em vez de recuperar do atraso que tinha em relação aos municípios vizinhos, distanciou-se ainda mais. 
Mas, de repente, tudo mudou. 
Não foi pelo não cumprimento das promessas eleitorais feitas pelos socialistas aos vizelenses que tudo mudou. 
Não foi porque o projeto que Dinis Costa apresentou para Vizela esteja esgotado que tudo mudou. 
Não foi porque Víctor Hugo Salgado tenha um novo projeto de desenvolvimento, investimento e crescimento para Vizela, uma ideia sequer para Vizela, que tudo mudou.  Tudo mudou, porque Víctor Hugo Salgado percebeu que não ia ser o sucessor de Dinis Costa, pois, como disse na conferência de imprensa, e cito, “nas últimas eleições autárquicas, aquando da constituição das listas do Partido Socialista, Dinis Costa afirmou que não seria mais candidato e que eu seria o seu sucessor”. É por isso que Víctor Hugo Salgado, que quer agarrar o poder custe o que custar, acusa agora o Presidente da Câmara de falta de sensibilidade democrática, autismo político e de desespero próprio de quem está agarrado ao poder. 
É a luta do poder pelo poder. É o vale tudo. 
É por isso que Víctor Hugo Salgado acusa agora o Presidente da Câmara de utilizar processos antidemocráticos e repressivos dos direitos, liberdades e garantias plasmados na Constituição da República Portuguesa, de confundir a Câmara Municipal com o Partido Socialista, de misturar o partido com a autarquia e questões partidárias com questões autárquicas. 
Mas, por que só agora? 
Como pôde Víctor Hugo Salgado estar mais de seis anos ao lado de um presidente que “revela insensibilidade democrática, autismo político e o desespero de quem está agarrado ao poder”, sem dizer nada? 
Como pôde Víctor Hugo Salgado durante mais de seis anos votar sempre com o sr. Dinis Costa, aprovando todas as propostas, aprovando todos os orçamentos, aprovando todas as contas, aprovando todos os subsídios, sem dizer nada? 
Como pôde Víctor Hugo Salgado estar durante mais de seis anos ao lado de um “presidente que confunde a Câmara Municipal de Vizela com o Partido Socialista”, sem dizer nada? 
Como pôde Víctor Hugo Salgado estar durante mais de seis anos ao lado de um presidente que tem uma “conduta antidemocrática e repressiva dos direitos, liberdades e garantias plasmadas na Constituição da República Portuguesa”, sem dizer nada? 
Como pôde Víctor Hugo Salgado estar durante mais de seis anos ao lado de um presidente que mistura o partido com a Autarquia, que mistura questões partidárias com questões autárquicas com repercussões no futuro coletivo dos vizelenses, sem dizer nada? 
Entretanto, o silêncio de Dinis Costa é ensurdecedor. 
Será normal que, uma semana depois, Dinis Costa, presidente da Câmara Municipal e do partido socialista de Vizela, ainda não tenha repudiado as graves acusações feitas por Víctor Hugo Salgado?! 
Como vai Dinis Costa conviver daqui para a frente com o grupo municipal do partido socialista na Assembleia Municipal, sabendo que, pelo menos, oito dos seus catorze elementos lhe declararam guerra aberta? 
Por que razão os presidentes de algumas associações e entidades prestigiadas se envolvem nestes combates político-partidários? 
E, ninguém se incomoda, ninguém se indigna! 
Acordai, Vizelenses! Acordai! 
Eu, pelo menos, exerço o meu direito à indignação.

Carlos Alberto Costa