"A esquerda macronista está furiosa porque percebeu que nem todos persistem no erro de continuar a escolher entre o vírus e a bactéria. Irados, lembram com saudade os tempos em que quase todos acorreram a apoiar Chirac sem hesitações. Infelizmente não olham para dentro de si próprios para perceber que foi a sua insistência em apoiar Hamon, ou outras variações do fracasso do bipartidarismo, que deixou a esquerda órfã de escolha. Menos chantagem e mais auto-crítica fazia mais para combater Le Pen e o fascismo do que a histeria pragmática que nos pretende impor escolhas quando não se construíram, conscientemente, alternativas. Continuar a combater o fascismo nacionalista com o fascismo liberal já só convence a elite demo-liberal que sabe que a única diferença entre ambas as ditaduras é que a segunda conserva o seu lugar ao sol. A mudança da maré da opinião pública neste aspecto é, a par da falência do bipartidarismo, a segunda boa notícia do resultado das eleições, em França. Agora, a única escolha que os franceses verdadeiramente têm é a de tornar ingovernável a ditadura, seja ela dirigida por Le Pen ou por Macron."
Agostinha Freitas: Deputada Municipal.
Fernando Carvalho: Presidente de Assembleia Municipal.