Se, na noite de domingo se concluir que a maioria dos portugueses, repetindo 1998, decidiu alhear-se do referendo sobre o aborto, há uma consequência evidente: ganhe o "sim" ou ganhe o "não", os referendos acabam em Portugal. A regionalização será feita por portas travessas (de maneira a contornar a obrigação constitucional de a referendar) e sobre o Tratado Constitucional europeu nem é bom falar. É o referendo que vai a referendo. Tanto como a despenalização do aborto, está em causa o direito à decisão popular fora das eleições. Se o povo não quer decidir, ninguém mais se vai lembrar de lhe perguntar nada nos próximos anos.
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Ana Sá Lopes DN
Se este referendo não for vinculativo, os decisores políticos muito dificilmente convocarão outro.
Não houve referendo à nossa entrada na CEE, aos vários tratados europeus e à moeda única por exemplo. Há muitos políticos que não gostam de referendos, e a partir de agora têm uma grande razão. O Povo não participa, não se realiza, o que é uma pena.