Não é por já feito bolas entrar na baliza com o pé esquerdo e direito, com a cabeça e com o peito, com as coxas e até com a mão. Em livres ou em penáltis. É por, no mundo em que estamos e na altura em que o vivemos, não haver pessoa a fazer o que Messi faz.
Mas não são os golos.
É o antes – são os segundos que os precedem. Ele dobra e desdobra o corpo em simulações. Desvia-se em direções opostas, ao sprint.
Parece ter o dom da previsão de um segundo, o suficiente para saber onde e quando os adversários vão esticar o pé. Vai quase sempre para o lado contrário dos outros. E faz os outros humanos parecerem portadores de problemas de coordenação motora, porque tudo o que lhe sai do corpo, sai com a bola a fazer parte dele.
Messi é um felizardo. Dotado. Abençoado.
Tem um jeito que nasceu com ele, que o deixa ser quem mais tempo a sós tem com a bola, sem que alguém o consiga importunar. Já o vimos a ir várias vezes contra o mundo que cabe num campo de futebol e a ultrapassar os oito, nove ou dez tipos que lhe podem aparecer à frente.
Se lhe dessem uma bola no meio do mais lotado festival de música, chegaria até ao palco com ela no pé esquerdo e em condições de a rematar contra o vocalista da banda. O espétaculo de Lionel Messi está aí, mais do que nas cinco Bolas de Ouro, nas quatro Liga dos Campeões, nos oito campeonatos espanhóis ou nas três Super Taças Europeias que já ganhou com o Barcelona.
Há oito anos que é o remetente de mais de 35 golos por época. Ou de 50 se contarmos a partir apenas de 2011. Ele chegou a marcar 73 em 2011/12 e 88 num ano civil. A forma mais fácil de acrescentar parágrafos a um texto seria engordá-lo, naturalmente, com os recordes e números de Messi.