"«Este homem, a quem, com toda convicção, confiei (e voltaria a confiar) o meu voto nas últimas eleições presidenciais, tem na verdade um grande defeito que acaba, afinal, por ser uma das suas maiores qualidades: é um desastrado nato! Engana-se frequentemente, tropeça em si mesmo e nas suas próprias declarações, diz o que não queria dizer e já chegou mesmo a declarar não ter gostado de se ouvir depois de ter dito o que disse. Tudo isto, porém, não lhe tira, a meu ver, qualquer mérito ou qualidade. Antes pelo contrário, acrescenta-lhas. A perfeita compreensão e a aceitação da sua escala e condição humanas, sempre disposto a reconhecer os seus erros, têm tornado este homem verdadeiramente apetecível para todos os quadrantes do poder e/(ou) a ele aspirantes, (como fica bem demonstrado pelo seu percurso dos últimos anos). Ele é justamente o antípoda do político, do calculista, do caça-votos, do arranjista, do enganador, do mentiroso compulsivo que, infelizmente, têm infestado a nossa vida pública das últimas décadas. E é exactamente porque este homem é um «não-político», é um desastrado, é, no fim de contas, um puro, (espécimen que é impossível de se encontrar dentro dos «aparelhos»), que estes, quase sem excepção, o têm chamado esporadicamente para que ele lhes empreste alguma da sua candura, para que lhes dê aquela limpeza e ar renovado que de outra maneira não conseguem ter(...)"