Lendo uma revista de um hospital da zona de Lisboa, um sujeito fica a saber coisas que parecem saídas de um filme pós-apocalíptico, estilo Mad Max foi à Cozinha: menos de 1% das crianças portuguesas bebe água na quantidade adequada, e mais de 90% consome refrigerantes e fast-food pelo menos quatro vezes por semana. Para quê beber água, quando podemos ir ao MacDonald's beber uma soda bem fresquinha e com bolhinhas? Só 2% das crianças portuguesas come fruta todos os dias. As maçãs e as laranjas, como se sabe, são muito caras e, ainda por cima, deixam um cheiro esquisito nas mãos. É mais barato e higiénico comprar aqueles pedaços de pão com chocolate no meio, entre outros portentos de nutrição. Quase 60% das crianças vai de carro para a escola. Andar dois quarteirões é, para além de qualquer dúvida, uma atividade perigosa. Nunca se sabe quando é que uma criança de 14 anos pode torcer um pé, não é verdade? As mães, por seu lado, dizem que não têm tempo para fazer sopa. Pois claro, é melhor usar o tempo nas viagens entre casa e o MacDonald's. Além disso, enquanto a criança de 11 anos prepara uma papa de bebé para o jantar, a mãe pode relaxar no Facebook. Para quê descascar cenouras, que, como se sabe, são caríssimas, quando se pode estar a likar o penteado novo da amiga?
- A mãe e o pai modernos/preguiçosos alimentam-se mais vezes de comida “fabricada”, fogem do fogão a 7 pés e não frequentam os mercados e, sim, é verdade: os filhos são recolhidos da “primária” de carro mesmo residindo a 200 metros. Moro paredes meias com uma escola EB1 e é ver o engarrafamento às 18 h, às vezes parecem existir tantos carros quantos alunos.