De JSoares a 24 de Julho de 2008 às 19:28
Apesar de desconhecer por completo o modo como a política se processa em Vizela, isto geralmente falando, uma vez que política local não é, de todo, alvo do meu interesse, considero, não obstante, que posso proferir algumas palavras sobre o assunto, visto que estou familiarizado com ele. Com toda a sinceridade, acho dramática e lamentável a atenção vinda de altos representantes políticos, quer locais ou nacionais, que um simples artigo de opinião - corrosivo, irónico, apelativo - possa ter. Um artigo de opinião, no meio de milhares! Há uma variedade de direitos indiciados na Declaração Universal dos Direitos do Homem, nos quais artigos da Constituição Portuguesa se fundamentam, que são essenciais a um modelo de organização política, como o nosso - a democracia( ou assim penso!). É dramático atacar com uma queixa-crime uma jovem que apenas deu aso à sua escrita ao elaborar um artigo de opinião, sem recorrer a falácias ad hominem, a alguma mesquinha ou execrável tentativa de humilhação, etc, Na realidade, esta situação é nada mais nada menos do que abalar os pilares fundamentais nos quais as democracias se sustentam. Jovens como a Ana Bárbara em vez de ser repudiados, deveriam ser idolatrados. Tão jovens e mesmo assim tão receptivos à vida política, ao exercício do seu dever cívico? Focados na política em vez de televisão, jogos de computador, sedentarismo? Quem condena tais jovens merece, sem dúvida, uma avaliação psiquiátrica, na melhor das hipóteses, pois criticando, sem reflectir, apenas contribui não para só os impedir de obterem um papel consciente na sociedade como também para negar a sua activa participação na mesma. É lamentável que hoje em dia se viva numa "caça às bruxas", sofrendo a tradicional palavra "bruxas" uma espécie de evolução semântica, e significando actualmente "alguém que pensa diferente"! Nem mesmo os mais jovens são poupados à acção da Lei (será ela mesmo cega?). Já Hesse dizia - embora algo adaptado - "queimam hoje por herege e enforcam por criminoso aqueles que amanhã levantam estátuas". Reflictam nisso, oh grandes magnânimos responsáveis pelo bem-estar de milhões de portugueses. Agora num nível mais pessoal, aqui apresento as minhas condolências públicas pela Alice. Estou certo que teve uma vida feliz, na sua gaiola idealista e multicolor.