A nossa sociedade continua a ser dominada pela burguesia e seus monopólios, são estes os donos da nossa democracia e com as massas populares observando resignadamente anestesiadas pela vida rotineira e sem força para a repudiar.
A violência pura empregada outrora pela antiga burguesia deu lugar a uma espécie de terrorismo desencontrado. Todos os esforços da nova burguesia tendem agora a tornar impossível a tomada de consciência do proletariado; pretende-se fazer-lhe crer que a sua alienação acabou.
São os sinais dos tempos, é a modernidade que engloba o conjunto dos instrumentos manipuladores pela classe dominante em vista a mistificação; é ela que impede o proletariado de se aperceber de uma pressão que, todavia, se manifesta constantemente ao nível do dia a dia. A sociedade capitalista impõe ao homem uma certa imagem de felicidade feita exclusivamente de bens materiais, por vezes supérfluos que, em vez de lhes libertar a energia criadora, o escravizam cada vez mais.
Há esperança que o homem crie em si novos desejos de natureza diferente. Subsistem minorias que por diversas razões encontram-se à margem da sociedade repressora, os jovens com as suas problemáticas, os trabalhadores imigrados explorados, mas cada vez mais conscientes, as minorias sexuais, os intelectuais e os artistas.
Como a alienação atinge estas minorias na vida de todos os dias, é ai que eles combatem; são os primeiros a ter consciência e os incitam à acção transformadora, à acção revolucionária. Esta é tanto mais eficaz, quanto no dia a dia a situação é entre as infra-estruturas económicas que lhes determinam o aspecto material e as super estruturas ideológicas .
Este dia a dia sempre igual torna-se assim uma “engrenagem fraca”, onde poderá ocorrer a ruptura do regime capitalista, difícil combate,mas não impossível de ocorrer se os "corpos" esmagados se unirem.