Ocorreu na Rádio Vizela um debate entre João Polery, Miguel Machado e João Monteiro, respectivamente do PS, PSD/CDS e BE, com dois temas de fundo: relatório de contas e a possibilidade de expropriação por utilidade pública do edificado da CBV de Vizela. O 1º tema que correspondeu à 1ª parte foi muito interessante com MM em grande forma: directo, objectivo e categórico apontando a falência da CMV como hipótese plausível, obrigando Polery a uma defesa possível, pelo meio a problemática do relatório da Igal e novamente o deputado do PS aflito cumprindo os mínimos. A 2ª parte foi fraca, com excessiva perda de tempo a propósito de um epíteto (palhaçada) dito pelo vereador do PSD/CDS, Miguel Lopes: não esquecer o mau exemplo de Dinis Costa (fantochada) de há anos. As prestações dos deputados do PS e do BE foram suficientes menos, Miguel Machado venceu com qualificação de Bom (16).
"O PSD não pode dizer que quer um sistema de saúde caro (não necessariamente bom) para quem pode pagar e um sistema de saúde barato e mau, para quem não pode. Se dissesse a maioria das pessoas que quer viver numa sociedade decente nunca votaria no PSD. A justiça social é um valor importante para (quase) todos.
Como não pode dizer o que quer e o que pensa, o PSD diz coisas como: “A filha do homem mais rico de Portugal não pode pagar por uma consulta num hospital o mesmo que um desempregado”.
A isto chama-se usar a justiça contra a justiça. Explico porquê:
1º Não vejo por que é que a filha do homem mais rico de Portugal haveria de pagar o tratamento no hospital. Se o homem mais rico de Portugal pagar impostos e se estes impostos forem progressivos o tratamento no sistema de saúde já foi pago.
2º Se a filha do homem rico tiver de pagar a consulta pelo seu custo no SNS não se vê por que razão irá recorrer ao SNS e não à medicina privada.
3º Se a dita filha passar a recorrer à medicina privada não se vê por que há-de continuar a contribuir para o SNS.
4º Se ela deixar de contribuir para o SNS, o sistema público passará a ser financiado apenas com as contribuições dos que não são ricos.
Em suma: com a saída do homem rico do SNS e depois do menos rico e ainda do remediado cria-se um mercado para a medicina privada; o que fica é um sistema público sub-financiado e mau para pobres.
O PSD sabe isto tudo tão bem como eu. Sabe também, por simples observação de outras experiências, que o sistema privado é mais caro para todos os que terão de o pagar e pode ser pior que o público. Mas o privado convém aos grupos financeiros. Nos últimos anos, em cooperação com um governo que jura a sete pés defender o SNS, os grupos financeiros construíram os alicerces. Falta agora o resto. Melhor que o sector da saúde, disse uma vez uma senhora de um destes grupos, só o tráfico de armas."
José M. Castro Caldas
"O Bloco de Esquerda fala com o Governo, não com o FMI. Eu falo com o Governo do meu país. Ainda hoje entregámos uma carta ao primeiro-ministro.
"o Bloco quer apresentar ao Governo os seus argumentos e as suas ideias sobre as contas públicas quando a negociação do texto final do acordo estiver a avançar."Estamos capazes de apresentar um plano alternativo. Eu não desisto do meu país": referiu Louça.