21
Jan 13


Os eulalenses estão desagradados com a medida que consideram negativa, reclamando as condições condizentes com o título de Vila alcançado por aquela freguesia vizelense. “As pessoas começam a questionar-se sobre as reais vantagens deste título, em vez de melhorarmos estamos a piorar”, referiu o autarca.

Para o presidente da Junta de Freguesia de Santa Eulália, a época exige contenção, no entanto, considera que “havia outras áreas possíveis para aplicar os cortes”. O processo está já em marcha e consiste em desligar 50% da iluminação, medida que o edil Dinis Costa acredita que não vá trazer problemas no que diz respeito à segurança da população. Mas o autarca de Santa Eulália classifica este momento como um dos mais negativos ao longo dos seus 11 anos de governação.

publicado por José Manuel Faria às 19:22


 

- Amour………………..*****

 - Django Unchained*****

 - Zero Dark Thirty…****

 - Silver Linings Playbook***

 - Lincoln………………………**

 - Argo…………………………..**

 

 

*mediocre

**suficiente

***bom

****muito bom

***** excelelente/obra/prima

publicado por José Manuel Faria às 08:39

 

A Igreja tem de compreender que não pode estar ausente e deve formar cuidadosamente os agentes que envia para o hospital, para que sejam parte integrante deste processo de recriação de uma arte de morrer. Isto é nova evangelização”.

 

Tenho de confessar que estas palavras do Padre José Nuno Silva, por ocasião da publicação do seu livro “A Morte e o Morrer entre o Deslugar e o Lugar. Precedência da Antropologia para uma Ética da Hospitalidade e Cuidados Paliativos”, que agora chegou às livrarias de Portugal, me tem perseguido nos últimos dias a propósito do último filme do mais cruel e severo dos realizadores de cinema. Falo, obviamente, de Michael Haneke e do seu “AMOUR” que venceu, indiscutivelmente, o Festival de cinema de Cannes de 2012.

O filme é uma obra prima. Os actores, um de oitenta e dois anos e outro de oitenta e cinco, são sublimes. O filme é a história de Georges (Jean-Louis Trintignant) e Anne (Emmanuelle Riva), um casal de professores de musica na reforma. A sua serenidade quotidiana declina-se com leituras de livros, saídas para assistir a concertos, raras visitas da filha (Isabelle Huppert). Mas a um determinado momento Anne, tão amada, começa a mostrar sinais de problemas físicos e neurológicos.

Anne é vítima de um enfarte que a deixa paralisada de uma parte do corpo e o amor do casal é colocado a dura prova até ao limite e às consequências mais extremas… Anne recusa-se a voltar ao Hospital e exige de George a promessa de que a não mandará para lá. Ela e ele sabem, quase cinicamente, para onde se arrasta (literalmente) a sua vida, mas Georges não a abandona, cuidando dela com amor e controlada exasperação. Ajuda-a no banho, lava-lhe os cabelos, mete-lhe a comida na boca, muda-lhe as fraldas, canta-lhe canções infantis (“sur le pont d’Avignon on y danse on y danse”) e conta-lhe histórias para que o tempo não os sufoque.

 Há uma violência quase inenarrável no modo delicado e feroz com que Haneke expõe a quotidianidade ou narra detalhadamente (e quase de forma mórbida) a demência senil. O seu mérito (ou aquilo que não se lhe pode perdoar) é fazer-nos entrar nas profundidades de um território indesejado e sempre relegado para longe da mente que tocará cada um de nós, mais cedo ou mais tarde, na primeira pessoa ou na pessoa dos que amamos. Haneke ousa o limite do insuportável percorrendo os territórios mais desconhecidos da alma humana, escavando mais fundo, mais em baixo, dentro. Foi assim com a A Pianista; foi assim com A Fita Branca. É assim com Amor. E é assim Michael Haneke, o Realizador austríaco, filosofo, psicólogo e crítico de cinema, que pede aos seus actores octogenários de “não fazer transparecer por nada deste mundo a emoção”.

Não há nada de outro mundo ali, tudo é tremendamente violento porque Michael Haneke visa sempre esmurrar o espectador e não deixá-lo em paz. O cinema não é para entreter, mas forçar a aprendizagem do olhar. Neste sentido o cinema é um exercício ético e, como dizia Theodor W. Adorno acerca da moral, o cinema pode ser também uma espécie de uma ciência, “uma ciência triste”.

Haneke nunca procura complacências, mas aposto que ninguém sairá da sala sem que, antes, as lágrimas tenham banhado a nossa vergonha humana e a nossa impotência diante da crueldade inevitável da natureza humana. Durante o filme um grande nó na garganta se vai formando, imperceptível,  começando a sufocar-nos, até que no fim um véu de chumbo e de silêncio desce aos nossos corações. Sentimo-nos desolados, inconsolados, taciturnos e perdidos, incapazes de pronunciar qualquer coisa decente ou digna.

Não há no filme nenhuma referência à transcendência, nenhuma conversa sobre a vida para além da morte, sobre o sentido ou sobre a arte do morrer, nenhuma questão sobre a salvação. Apenas se tem saudades da musica (mas mesmo essa é, por vezes, insuportável) e da vida imobilizada num álbum de fotografias a preto e branco.

Haverá mesmo uma arte do morrer? Libertar a pessoa que sofre indecentemente pode ser considerado uma arte do morrer? Rilke escreveu versos inspirados a este propósito que são ainda os que me guiam: “Ó Senhor, dá a cada um a sua própria morte,/uma morte nascida da sua própria vida,/que lhe deu amor, sentido e aflição”.

Michael Haneke não faz perguntas e não dá respostas. Mas o espectador exige-as no seu íntimo, assim ferido e vulnerável, porque no fundo também o espectador é uma vítima. E é por isso que é tão urgente encontrar respostas para aquelas perguntas-não-feitas. E por isso é que a esperança tem de avançar porque essa é o melhor que o cristianismo tem para dar ao mundo. E é por isso que a esperança é a linguagem da Nova Evangelização porque a esperança é acreditar que a Terra não é um sonho, mas um corpo vivo, como diz Czesław Miłosz:

 

"Esperança",

Esperança surge, quando se acredita
Que a Terra não é um sonho, mas um corpo vivo,
Que não mentem o ouvido, o tacto, a visão
E que todas as coisas que aqui conhecias
São como um jardim visto do portão.

Entrar lá não se pode. Mas ele existe com rigor.
Se melhor olhássemos e com mais sabedoria,
No jardim do mundo uma nova flor
E mais do que uma estrela se avistaria.
Há quem diga que os olhos nos iludem
E que nada existe, apenas apresenta,
Mas justamente esses não têm esperança.
Pensam que ao virar as costas
O mundo desaparecerá de repente
Como que roubado por um delinquente.

Filme: Amour, de Michael Haneke, com Jean-Louis Trintignat; Emmanuelle Riva; Isabelle Huppert, França 2012.

Livro: “A Morte e o Morrer entre o Deslugar e o Lugar. Precedência da Antropologia para uma Ética da Hospitalidade e Cuidados Paliativos”, de José Nuno da Silva, ed. Afrontamento, Porto 2012.

Poema: “Esperança” de Czesław Miłosz, in Alguns gostam de poesia. Antologia; trad. Elżbieta Milewska e Sérgio das Neves; ed. Cavalo de Ferro, 2004.

 

  

Slogans (possíveis)

 

J Não deixe que a doença mental rime com indiferença total.

 

J Mente aberta é saúde na certa.

 

J Entre a doença e a cura há um caminho de afetos.

 

J Um sorriso pela saúde mental.

 

J Um like pela saúde mental.

 

J Gosto de ti porque sim.

 

 

Padre Mário Rui de Oliveira (ex: pároco de S.Paio/Vizela)

Roma 2012

publicado por José Manuel Faria às 08:14

Janeiro 2013
Dom
Seg
Ter
Qua
Qui
Sex
Sab

1
2
3
4
5

6
7
8
9





comentários recentes
António Costa protagoniza arruada este domingo em ...
e o carvalhinho tambem entra nas contas? Sempre no...
Um livro, critérios diferentes:O livro das bandas ...
Quem é esta Irene Costa?É Socialista? militante? h...
"Não deixei de ser quem fui, não vou alterar em na...
Comissão Administrativa da Concelhia do Partido So...
Os PS (grandes) só se lembram dos militantes para ...
Olha os socialistas interesseiros, quando dava jei...
Um milhão de euros!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!...
Convém informar quais os funcionários que passam/r...
subscrever feeds
mais sobre mim

ver perfil

seguir perfil

11 seguidores

pesquisar neste blog
 
Subscrever por e-mail

A subscrição é anónima e gera, no máximo, um e-mail por dia.

blogs SAPO