"Quando aos restantes partidos, PCP passa de dois para três eurodeputados quando Portugal perdeu um. Grande parte será voto de protesto.Mas a verdade é que o PCP acaba por ser, para esse efeito, mais atrativo do que o Bloco de Esquerda, que, pela sua natureza, até teria mais facilidade em entrar no eleitorado socialista. Porque consegue o PCP este resultado (que até penso que será, graças à abstenção, melhor do que o previsto)? Porque se for apenas para protestar, o PCP é mais eficaz do que o BE. Entre o original e a cópia, as pessoas tendem a preferir o original. Porque, mal ou bem, o PCP tem um discurso claro e compreensível sobre a Europa. E, apesar das pessoas não andarem a ler os programas eleitorais, a clareza de discurso, num momento de tantas dúvidas, é uma enorme mais-valia. E porque o Bloco desistiu da sua principal vantagem em relação aos comunistas: capacidade de falar para fora, de integrar a divergência e de fazer pontes com sectores que tradicionalmente não estariam no seu espaço político. A indefinição programática, uma direção política enfraquecida por quem saiu da liderança mas nunca largou o púlpito e um sectarismo crescente explicam a decadência de um partido que passa de três para um eurodeputado, deixando o flanco esquerdo do PS muito mais seguro do que até agora, já que do PCP não virão maiores perigos do que o protesto sem sobressaltos.".
Daniel Oliveira