"Passa pela cabeça de alguém, na plena posse das suas faculdades mentais, que as contribuições para a segurança social sejam voluntárias?
Passa. Pelos sonhos húmidos de um neoliberal, que de resto muito simplesmente pretende a pura e simples extinção do estado providência substituído-o pelas seguradoras, haja quem puxe lustro ao lucro, e pela de um primeiro-ministro eleito com a maior colecção de mentiras até hoje vista, convencido de ter enganado uma vez os idiotas que nele votaram e imaginando os mesmos repetidamente estúpidos, ao ponto de o reelegerem.
Mas há ainda pior neste caso. João Ramos de Almeida chegou a esta conclusão:
Ou seja, Pedro Passos Coelho recebia algo que sempre considerou ser, não remunerações, mas “despesas de representação” – “Não se trata de rendimentos“, disse no Parlamento sobre a sua situação como deputado em exclusividade – e que, pelos vistos teria continuado a receber quando deixou o lugar de deputado. Por outras palavras, o que se trata é de algo um pouco pior do que não saber se eram devidas contribuições sociais. Tudo indicia ser, pois, uma ocultação de rendimentos. Por que foi então que, desta vez, não alegou o primeiro-ministro que não se tratava de remunerações, mas de ajudas de custo, despesas de representação?
E este é um novo ponto de partida. Ou o cidadão Pedro Manuel Mamede Passos Coelho muito simplesmente torna públicos todos os seus rendimentos no período em causa, e os extractos bancários, é óbvio, e logo se vê, ou o caso é de polícia porque na parte política já sabemos como uma maioria parlamentar boicota qualquer inquérito.
Embora em ambas as situações a prisão preventiva seja coisa de tirantes, suponho que em Évora existe uma cela nº 45, ou melhor ainda, rotação no sistema de “colocação-a-dois-num-espaço-desenhado-para-uma-pessoa”. Ficavam a mentir um ao outro, seria perfeito."