(...) Por toda a Europa, há 86 de salas de consumo assistido. Existem na Espanha, na Áustria, na Suíça, no Luxemburgo, na Alemanha ou na Noruega, nalguns casos há 30 anos, ou seja, há tempo suficiente para se avaliar se são ou não uma boa resposta. O balanço internacional está feito: elas dão condições de saúde e de segurança a consumidores e à população, constituem-se como uma porta de entrada na rede de cuidados de saúde, evitam mortes por overdose, diminuem o contágio de doenças, permitem o contacto e um trabalho de intervenção e de educação para a saúde junto dos consumidores. Além disso, a sua existência não aumenta o consumo nem o tráfico. Em suma, não resolvem tudo, mas são um dispositivo insubstituível de uma política de redução de riscos e de minimização de danos. De que é que estamos à espera?
Em Portugal, há mais de uma década e meia que as salas de consumo assistido estão previstas na lei, mas continuam a não existir na prática. Temos equipas de rua, distribuem-se seringas, a lei entende a toxicodependência como um problema de saúde e não de polícia. E no entanto, tem faltado coragem para dar este passo elementar(...)