"De um lado, Lula, investigado e em vias de ser acusado, que foge para ministro para adiar a sua ida a tribunal. Do outro, um juiz que grava um telefonema da presidente Dilma e a lança aos jornais e telejornais. E os brasileiros, no meio. De um lado, Lula que diz : "Vou para ministro porque, se não for, sou apanhado pelo golpe armado pelo juiz." Do outro, o juiz que diz: "Faço isto porque é a única forma de desarmar as politiquices de Lula." Os fazeres de ambos são, no mínimo, indecentes. E os brasileiros são interpelados como se tivessem de aceitar, pela tramoia de um, ser cúmplices de outro. Ora, o que se exige é cada macaco no seu galho. Um político não pode abusar da garantia de independência que lhe é emprestada para ser ministro, transformando-a num truque público para o proteger da justiça. Um juiz não pode abusar de um poder que lhe é confiado para investigar, quebrando levianamente o sigilo telefónico de uma chefe de Estado, o que, por ser uma questão de segurança nacional, não pode ser decidido por ele. E tendo ambos os macacos falhado no seu respetivo galho, tornando-se mau político e mau juiz, não podem empurrar os cidadãos a agarrar, também eles, um galho errado. Esse seria o supremo crime do político e do juiz. Porque com tão fraca gente a ter poder, enfraquecer aqueles que não o têm seria fatal para o Brasil. Eu, que tanto admiro os cronistas brasileiros, não perdoarei a nenhum que seja, a partir de hoje, vesgo."
"O formato já está pensado, só falta escolher o canal. Paulo Portas regressa à televisão com um "programa de autor", onde entrevista figuras internacionais de relevo. A política nacional deverá ficar de fora, escreve o Diário de Notícias."