"O Presidente usa o cargo para influenciar a governação e para ter uma participação política ativa em paralelo com os partidos. As competências do Presidente da República estão claramente descritas na Constituição da República Portuguesa. Não consta nela uma espécie de poder executivo a meias com o Governo. Note-se que o executivo, feliz com a coabitação, assume essa cumplicidade em áreas como o sistema financeiro, banco a banco, fiscalização de riqueza, ou acordos sociais à moda do patronato, entre outras. Ora, o procedimento de um primeiro-ministro sombra não é uma mera crítica, mas um facto. Não foi certamente um lapso o Presidente comparar-se com a atividade pública de Merkel, essa sim chefe de governo, numa entrevista televisiva. Este tipo de tendência vai acentuar-se. A questão que se põe é a dos condicionamentos em série a um Governo minoritário que depende de partidos à sua esquerda na Assembleia da República. O caso da TSU, um verdadeiro bónus aos patrões, e que foi pretendido, inspirado e enaltecido por Marcelo, prova esta tese e anuncia mais casos."