"(...)O PCP, porque está seguro da sua independência de classe e confia nas massas, não receia convergências e acordos desde que, como no caso da posição conjunta com o PS, tal seja do interesse dos trabalhadores, do povo e do País. O PCP conhece experiências positivas e negativas na história do movimento comunista em matéria de política de alianças e sabe que elas só podem favorecer o desenvolvimento da luta quando salvaguardam a completa independência política, ideológica e organizativa do partido comunista. E quando, intervindo no imediato não se perde de vista a perspectiva e se não confunde táctica e estratégia.
Sim, na etapa actual da revolução portuguesa, o PCP luta por transformações progressistas profundas sem colocar como tarefa imediata a luta pelo socialismo, o que nada tem de ilusão reformista. Porque a questão nunca foi a de procurar mudanças no quadro de um sistema capitalista. Esse é o sentido imediato da resistência e da luta quotidiana dos trabalhadores que, claro, o verbalismo menospreza. A questão é procurá-las nos limites do capitalismo sem uma perspectiva e uma linha de intervenção revolucionária. Se se confunde governo com poder, se se cai numa linha eleitoralista e não se tem em conta que as massas – a sua organização e mobilização – são o factor determinante do processo de transformação social, se se ignora que sem a transformação da base económica e social não é possível consolidar mudanças positivas no plano político e, sobretudo, se se perde de vista que o Estado é a questão central de cada revolução, resvala-se inexoravelmente para a adaptação ao sistema, a claudicação e a traição.(...)"