No filme, a protagonista vive uma mãe chamada Mildred Hayes que teve a filha brutalmente assassinada e o criminoso nunca foi encontrado pela polícia. Após perceber que o caso foi deixado de lado pela autoridade local, ela aluga três outdoors numa estrada abandonada onde provoca e exige justiça ao xerife Bill Willoughby (Woody Harrelson).
Este, essencialmente, é um filme sobre a raiva. McDormand consegue mostrar a toda cena a revolta e a dor de uma mãe que perdeu a filha de uma maneira brutal e muitas vezes não precisar dizer nada para fazer isso. Ao contrário de filmes tradicionais onde personagens são guiados para o caminho do perdão e do entendimento, a história dirigida por Martin McDonagh explora a ideia de que, às vezes, devemos aceitar o ódio para, depois disso, encontrarmos algum tipo de evolução – pois somente após extrapolá-lo ao colocar os outdoors, encarar cada olhar de reprovação da cidade e até tentar destruir a delegacia é que a personagem consegue verdadeiramente se ligar a outros.
O grande “culpado”, ou melhor, a pessoa que leva a culpa pelo caso nunca ter sido resolvido é xerife Willoughby, vivido de forma brilhante por Woody Harrelson. Além de não ter encontrado o assassino e precisar conviver com a culpa, ele ainda está com cancro terminal e precisa resolver o que fará com sua família. Em um tom professoral e amigável, ele é o único que entende e até defende as ações de Mildred (mesmo que ele seja o principal alvo), além de servir como guia para Jason Dixon (Sam Rockwell).
O policia Dixon é o mais próximo de um vilão (ao mesmo tempo que consegue ser o alívio cômico), mas até mesmo ele acaba encontrando alguma forma de redenção após fazer o caminho oposto de Mildred: aprender que a raiva, que o domina desde o princípio, não é a solução e somente após aprender a deixa-la de lado, ele finalmente consegue encontrar o caminho para se tornar aquilo que sempre sonhou.