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Mar 18

 Jorge Coelho

Dependendo do assunto, as respostas a esta pergunta podem ser várias. Inclusivamente podem não ser animadoras. Em termos turísticos, Vizela não é tão interessante quanto se possa pensar. Não há como fugir à realidade. 
E não é por ser uma cidade de pequena dimensão. Diz o ditado que “os homens não se medem aos palmos”. As cidades também não. 
Pese embora alguns avanços, pelo menos desde 1998, ano em que foi recuperada a autonomia administrativa, simplesmente nunca existiu uma estratégia política que fomentasse dinâmicas potenciadoras do desenvolvimento, para todos, onde naturalmente o turismo estivesse incluído. Os resultados estão à vista. 
Por exemplo, se por um lado foi recuperada parte da marginal ribeirinha, hoje uma área mais agradável e com margem para progredir, por outro lado o núcleo da cidade foi sendo abandonado. 
A Praça da República é um problema crónico. Deveria ser uma espécie de “sala de visitas” da cidade mas é apenas um espaço cinzento, frequentado essencialmente por reformados e desempregados, que merecem melhor, sendo depósito de bifanas e cerveja quando há festa. Se o município avançar para uma possível requalificação, espera-se que lhe dêem cor, que o tornem funcional e atractivo. 
Tendo em conta esta questão dos espaços públicos, a verdade é que a cidade está carregada de “pontos negros”. Em Vizela são muitas as passadeiras em cima de entroncamentos, cruzamentos e rotundas, originando muitos sustos e vários acidentes envolvendo condutores e peões. Lombas em determinadas ruas que fazem lembrar uma qualquer pista de motocross e rampas (para cadeiras de rodas???) com um desnível que mais parecem a subida à Senhora da Graça. Também, postes de iluminação pública, bocas de incêndio, caixas de electricidade, sinais de trânsito, caixotes do lixo e parcómetros literalmente plantados no meio (ou quase) dos passeios, que em muitos casos são demasiado estreitos. 

Quem não tem qualquer limitação física e/ou cognitiva e frequenta regularmente as ruas de Vizela, já se habitou a contornar e ignorar os obstáculos. 
A questão é que segundo dados da Accessible Portugal, entidade ao serviço da qualificação da oferta e da procura turísticas em termos de acessibilidade (não confundir com acessos), 80 milhões (!!!) de cidadãos da União Europeia são, em maior ou menor grau, afectados por uma deficiência, perspectivando-se que em 2020 o número aumente para 120 milhões. A estes juntam-se grávidas, idosos e pessoas com carrinhos de bébés. Portanto, quem por algum motivo está limitado, definitiva ou temporariamente, nas suas capacidades físicas, motoras ou intelectuais.  
Embora Vizela possa ser considerada uma cidade agradável por muitos, a verdade é que também pode ser desagradável para tantos outros. Portanto, Vizela não é para todos. Nem para muitos residentes, nem para uma fatia considerável do mercado turístico, porque os obstáculos estão lá. 
Logo, é fácil perceber-se a necessidade de implementação de medidas e intervenções que tornem a cidade mais acessível, de modo a permitir uma melhor qualidade de vida à população local e experiências positivas aos turistas portadores de limitações. Estes últimos, a tal fatia considerável, podem ser fonte de rendimento, caso considerem Vizela como uma cidade simpática também para eles. Todos têm, aliás, todos temos esse direito. 
Mas pode ser que o município tenha concorrido à Linha de Apoio ao Turismo Acessível, cujo Despacho normativo foi publicado em Outubro de 2016. 
Esta linha de financiamento encerrou a 31 de Dezembro de 2017 e a dotação orçamental era de 5 milhões de euros, podendo os projectos ser financiados até 90%, não reembolsáveis para entidades públicas. Ou seja, os municípios apenas teriam de assumir 10% do valor total do investimento.  
Era bom para Vizela, mas dependia sempre se na Câmara Municipal, nomeadamente no departamento de turismo, estivessem atentos e interessados em formalizar candidatura e depois, claro, se o município cumprisse as condições de elegibilidade. É de acreditar que o anterior Executivo e os profissionais que por lá continuam se tenham esforçado nesse sentido, embora haja dúvidas, pois em política este tipo de intenções dá notícia e isso não aconteceu. Quanto ao actual Executivo, poderá não ter tido tempo para conhecer ou perceber determinadas oportunidades entre Outubro 

e Dezembro de 2017. 
O sector privado tem também responsabilidades no âmbito da acessibilidade. Para empresas turísticas (hotéis, restaurantes, etc.), podendo ter-se candidatado a financiamento, existe ainda a possibilidade de serem auditadas gratuitamente. Das auditorias resultam relatórios com sugestões interessantes, muitas de implementação fácil e facultativa, para que se tornem ainda melhores. 
Para quem é Vizela? Hoje para alguns, amanhã talvez para muitos mais.

rádio vizela

publicado por José Manuel Faria às 12:14

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