Amigo JMVFAria
Acredite que tenho muita consideração por si, apesar de o não conhecer pessoalmente, e das divergências relativas daquilo que pensamos, pela consistência das posições que defende.
Claro que para si, admito, lhe seja indiferente essa consideração, mas não é esse o motivo deste comentário.
Começo por dizer que, tal como o meu amigo, defendo que a luta e o combate de ideias, deve ser feita dentro da sociedade, com plena inserção de todos nessa mesma sociedade.
Nesse sentido, considero que, seja na Colômbia, seja em qualquer outro lugar do mundo, seria desejável que os movimentos de guerrilha, depusessem armas, se integrassem da sociedade , e, desejável seria, o seu inverso, ou seja, que os governos aceitassem essa integração.
O que entendo é que só quem está no convento é que sabe o que lá vai dentro, ou seja, tudo aquilo que sabemos acerca dos conflitos é, tão somente, aquilo que nos deixam saber, e mais sintomático, aquilo que querem e da forma que querem que nós saibamos, mesmo que se trate da mais insidiosa inverdade.
Note que não estou a afirmar que tudo o que sabemos é mentira. Mas também chegámos a um ponto em que não conseguimos discernir onde acaba a mentira e começa a verdade, ou o inverso.
Fiquei, como pessoa, muito feliz pela libertação de Ingrid Bettancourt , e de todos os restantes reféns libertados, e palas suas famílias novamente reunidas, sendo, eventualmente, espectável a libertação pelo governo de alguns dos presos políticos que tem encarcerados.
Tudo isto para dizer que a elevação que faz de Ingrid Bettancourt à condição de "mártir" será, no meu entender, exagerada, até porque numa guerra como a que se verifica na Colômbia há mais de quarenta anos, dificilmente se encontram políticos inocentes, de parte a parte.
Esta situação faz-me lembrar uma outra, que vivi bem mais de perto, e que se passou em Timor Leste, com Xanana Gusmão alcandorado à posição de herói e mártir, tendo vindo a lume, bem mais recentemente, que a sua actuação não terá sido assim tão impoluta como se propalou até à independência do país.
Se calhar temos que começar a ter muito cuidado acerca das posições que têm relativamente às questões internacionais, porque se a informação já é deficiente dentro do país onde nos encontramos, acerca da nossa política interna, e o nosso dia-a-dia, podemos imaginar a manipulação que é feita acerca daquilo que se passa noutros pontos do mundo.
Continuação de um bom-dia.