"Esta história da Padaria começou com um directo com cerca de cinco minutos num canal de televisão e uma entrevista num grande jornal. O gestor padeiro, bom conhecedor, pelos vistos, dos meandros jornalísticos, terá achado que a publicidade, pela qual ninguém sabe quanto pagou, ou como pagou, lhe traria fama e proveito.
Foi uma daquelas acções de marketing muito ao gosto dos jovens empreendedores cosmopolitas, que têm do mundo empresarial visões extremamente sofisticadas e inteligentes, que passam quase todas pelo primado da degradação humana e da “coisificação” do homem e da mulher que trabalham.
A verdade, porém, é que as declarações iniciais do padeiro, cheias de desprezo altivo por quem lhe faz a massa, são o retrato verdadeiro de um país feudal, que retrocedeu décadas nos direitos e na dignidade de quem trabalha e está hoje entregue a “empreendedores” a quem faz falta, como pão para a boca, a quarta classe antiga."