"(...)É esta «Europa», decadente, em crise e em que o medo e a chantagem são armas de domínio, que vai também estar em julgamento nas eleições do próximo domingo na Grécia. Um país destruído economicamente, asfixiado por uma dívida imposta, vendido a retalho e ao preço da chuva ao
grande capital estrangeiro, completamente submetido aos ditames dos seus «credores» e senhores e com um povo a sangrar feridas sociais, de dignidade e de soberania – é este País que vai a votos no domingo. Um povo massacrado e ferido, mas também um povo que há quase uma década protagoniza lutas sociais e de massas de grande envergadura para as quais o movimento sindical de classe e os comunistas gregos deram e dão contributos decisivos.
O desejo popular de mudança e de recusa das políticas do PASOK, da Nova Democracia, da troika e da União Europeia é mais do que evidente. Isso é já uma vitória para a Grécia, indissociável da luta popular. E é uma derrota para a União Europeia do capital e do medo. O povo grego está a demonstrar coragem, quer mudar e acredita numa mudança real substantiva. Essa é a razão por que, nervosos, os «donos disto tudo» se lançaram numa imunda campanha de chantagens e pressões contra a liberdade de expressão e de decisão do povo grego. Porque a liberdade do povo põe, como sempre, em causa a «liberdade» de mandar, de explorar e oprimir. Compete às forças políticas gregas interpretar e respeitar este fundo sentimento nascido da luta, que é propriedade exclusiva do povo. Porque, tal como em Portugal, será com o povo e a sua luta que se podem operar as rupturas necessárias para a Grécia respirar liberdade, justiça, dignidade, desenvolvimento, progresso e soberania. O tempo na Grécia e na Europa não é de meias verdades e muito menos de novos cozinhados para as mesmas receitas. É de construção de um futuro novo que exige rupturas, coragem, verticalidade e frontalidade. E que não tolerará enganos ou desilusões."