Num país em que dois milhões de pessoas vivem no limiar da pobreza e o salário mínimo é de apenas 530 euros, é fácil alimentar o discurso de que os políticos ganham demasiado. A verdade é que se compararmos os salários dos nossos ministros com os de alguns gestores públicos, banqueiros ou empresários, as dores de cabeça de quem decide o rumo do país não são propriamente milionárias. Os cargos públicos são mal pagos para quem quiser desempenhá-los com rigor, ética e dedicação exclusiva. Mas são demasiado bem pagos para quem usa o poder como trampolim para negócios privados.(...)
"A nova administração da Caixa Geral de Depósitos deve ser nomeada ainda este mês. Paulo Macedo, antigo ministro da Saúde de Passos Coelho, é o favorito para suceder a José de Matos na liderança do banco do Estado."(...)
(...) Desde que saiu do Governo PSD,/CDS, em Novembro último, Paulo Macedo regressou ao BCP, instituição de que é quadro de topo e cuja administração deixou para ocupar o lugar de ministro da Saúde. Quando saiu, Macedo era vice-presidente do banco, sendo o presidente da instituição Carlos Santos Ferreira, militante socialista.
Apesar do vínculo ao BCP, a ida para o Executivo de Passos Coelho não foi a primeira vez que o gestor suspendeu a sua ligação ao banco para desempenhar funções públicas. Entre 2004 e 2007, Macedo foi director-geral de Impostos, cargo para o qual foi convidado por Manuela Ferreira Leite, à altura ministra das Finanças, e onde permaneceu já sob o Governo de José Sócrates."